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Língua Estrangeira:

Importante para quem?

Por Beatriz Oliveira, Daphnn Lima, Marcello Nunes e Ravena Alves

Introducao

Dominar uma segunda língua deixou de ser um detalhe no currículo para tornar-se algo essencial para conviver num mundo globalizado. Não só por ser exigido no mercado de trabalho, o conhecimento de uma língua estrangeira permite o contato com diferentes culturas e visões de mundo. Para isso, várias iniciativas governamentais foram tomadas para que os alunos das escolas públicas e das universidades federais aprendam um segundo idioma. Entretanto, os cortes na educação propostos em 2019 pelo presidente Jair Bolsonaro podem colocar tudo em risco. Nessa reportagem, conversamos com os coordenadores do Inglês Sem Fronteira (IsF) e do Centro Cearense de Idiomas (CCI) para entender o que o  bloqueio de verba representa para os programas, e conhecemos como as escolas particulares estão preparando seus alunos, desde os primeiros anos de vida, com o Ensino Bilíngue.

Inglês sem Fronteiras

Para auxiliar estudantes brasileiros de ensino superior que desejam aprender um outro idioma, o Ministério da Educação (MEC) criou, em 2012, o Programa Idioma sem Fronteiras. O IsF oferece, gratuitamente, cursos de língua estrangeira e testes de nivelamento para universidades públicas. Os cursos podem ser realizados presencialmente e online através do portal MyEnglish. O programa é diretamente financiado pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que oferece bolsas para formação especializada de professores de língua estrangeira. Além das aulas de inglês, em algumas instituições são ofertados cursos de espanhol, francês, alemão e italiano.

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Nos primeiros 100 dias de governo do então presidente Jair Bolsonaro, o ministro da educação Abraham Weintraub anunciou corte de verbas no MEC. Os principais atingidos após a medida foram as universidades federais, já que a proposta do presidente da República e do ministro para “reduzir gastos” prejudica desde o pagamento de serviços básicos, como água e luz, até a realização de pesquisas científicas.

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Para o ano de 2019 temos um orçamento de R$12 mil para custeio e duas bolsas Capes para os professores. A partir de agosto continuaremos com bolsas institucionais.

O Capes vem sofrendo com cortes desde 2018 teve nos últimos dois meses mais de 6 mil bolsas bloqueadas, mas os estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado não são os únicos prejudicados. O repasse de bolsas para o IsF está comprometido, já são 119 instituições atingidas.

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Na UFCA os cortes não representam o fim do IsF, a coordenadora do Nucli (Núcleo de Língua Inglesa), Isaura Rute Gino de Azevêdo, esclarece como ficará a situação do programa na instituição."Para o ano de 2019 temos um orçamento de R$12 mil para custeio e duas bolsas Capes para os professores. A partir de agosto continuaremos com bolsas institucionais”, diz a coordenadora. A UFCA oferece aulas presenciais somente da lingua inglesa para 136 estudantes. No curso de ensino à distância, 1.231 estudantes estão inscritos na plataforma My English Online. Para a coordenadora, o Programa IsF é um instrumento de promoção do ensino de línguas para seus participantes, o qual possibilita oportunidades de crescimento intelectual e pessoal dos alunos. 

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Língua Estrangeira no Ensino Público

Na educação básica, são os governos estaduais os responsáveis pelo investimento no ensino das línguas. Em Pernambuco funciona, desde o ano de 2011, o “Programa ganhe o mundo”. Por meio dele, estudantes da rede estadual têm acesso aos cursos de inglês e espanhol, além da possibilidade do intercâmbio cultural para o exterior. Em 2018, o governo do estado do Ceará aplicou investimentos no ensino de línguas estrangeiras e criou o Centro Cearense de Idiomas – CCI. 

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CCI

O CCI é um espaço que oferece cursos de línguas (Inglês e Espanhol) voltado para alunos da escola pública de ensino médio da rede estadual. “Se ele está cursando o primeiro ano em uma escola do estado, ele pode fazer o curso e terminar no terceiro ano”, diz Marcos Aurélio, coordenador pedagógico do CCI de Juazeiro do Norte. O curso acompanha os anos do ensino médio, no primeiro, o aluno estuda o nível básico, no segundo, o intermediário, e no terceiro, o avançado. 

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A intenção é que o aluno saia fluente e com um certificado de 360 horas. O programa possui cerca de 1.200 alunos, mas possui espaço para um total de 1.750. São 70 turmas divididas entre os períodos da manhã, tarde e noite. “O CCI busca atender uma demanda de mercado. Temos hoje um turismo muito acentuado aqui na região e também no Ceará e nós não temos tantos profissionais habilitados para trabalhar” comenta Marcos. 

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O CCI busca atender uma demanda de mercado. Temos hoje um turismo muito acentuado aqui na região e também no Ceará e nós não temos tantos profissionais habilitados para trabalhar.

Atualmente, o CCI de Juazeiro está com turmas de básico e intermediário. O coordenador comentou o bom comprometimento dos alunos e como os resultados do curso já são excelentes “Sinto um engajamento total dos alunos”. Sobre cortes na educação, “O governador falou que não vai fazer cortes no estado, o CCI por enquanto não sofreu cortes... até porque ele prometeu também um intercâmbio para os alunos, muitos alunos estão empolgados esperando este intercambio” (intercambio tanto para português como espanhol).

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Ensino bilíngue
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Márcia e Serginaldo Galdino com sua filha Aimée, estudante do

Programa Bilíngue

Pensando no Futuro

Enquanto as instituições públicas sofrem com a insegurança em relação ao seu futuro por conta dos cortes, as escolas privadas estão investindo cada vez mais na formação dos seus alunos.  O Ensino Bilíngue é uma dessas ferramentas. Com o objetivo de ensinar inglês de uma forma mais fácil, o programa integra a língua inglesa nas demais matérias escolares como matemática, artes e ciências, deixando o aluno mais familiarizado com o idioma. Daisi Moreira é responsável por coordenar o Ensino Bilíngue há dois anos em uma escola privada em Juazeiro do Norte, que oferece aulas de ciências e artes ministradas em inglês para alunos do Infantil III até o 5° ano. “Todo dia, as crianças têm um encontro de cinquenta minutos com um professor bilíngue, então elas têm cinco horas aulas semanais. São cinco aulas por semana”.

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Lá na frente vai haver uma concorrência para todos e quanto mais bagagem de conhecimento você tem, mais preparado você está.

Daisi destaca como é importante dominar uma segunda língua por conta das fronteiras geográficas que estão cada vez mais líquidas. “Essas duas grandes vantagens do bilinguismo: você potencializar o convívio social numa aldeia que está cada dia mais global e a outra é ativar ainda mais os seus aspectos cognitivos porque quando você estuda uma outra língua seu cérebro faz muito mais sinapses”.

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A coordenadora defende que colocar a criança em contato com a língua inglesa desde a idade mais tenra só traz benefícios, desenvolvendo muito melhor o cérebro, de acordo com as pesquisas, e isso é algo que o Serginaldo e Márcia podem confirmar. Pais da Aimée, estudante do Ensino Bilíngue no Infantil III. O casal conta que a filha fala inglês normalmente em casa -- inclusive misturando com o português -- e entende vídeos e desenhos animados sem legenda.

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“Essa proposta do Bilíngue desmistifica a língua estrangeira e a traz como uma língua atual, do cotidiano”, compartilha Serginaldo. Comparando com a forma como aprendia inglês quando estava na escola, o Supervisor de Endemias fala como o oferecimento das aulas, além de cômodo, garante uma segurança e uma maior vantagem no futuro em relação à faculdade, concursos, vagas de emprego, viagens. “Lá na frente vai haver uma concorrência para todos e quanto mais bagagem de conhecimento você tem, mais preparado você está. Quanto mais cedo você adquire esse conhecimento mais segurança você tem”.

As esferas públicas e privadas certificam a importância de uma segunda língua - principalmente o inglês, sendo o idioma mais falado do mundo - e procuram oferecê-la da melhor maneira para seus estudantes. Com as entidades privadas fora do alcance dos cortes, fica clara a necessidade do governo oferecer uma estrutura para que as públicas possam garantir o mesmo serviço com qualidade.

Encerramento
Expediente
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